Leitura Medieval

Estava lendo Angus, o guerreiro de Deus. Já tinha rejeitado este livro na época do seu lançamento justamente por ser um guerreiro de Deus e por se tratar, incialmente, das cruzadas. Um dia desses o livro estava numa loja em promoção, menos da metade do preço normal e, já que tinha algumas ilustrações legais, foi escrito por um brasileiro… arrematei-o. A coicidência da capa do livro, número um, muito parecido com a capa do Senhor Dos Anéis, a Sociedade do Anel, me foi estranha. Comecei a ler e não estava nem na segunda página quando começa uma batalha sem noção onde Angus vence todo mundo, perde amigos e sai cambaleando. Depois encontra os cruzados etc. O livro tem um excesso de fervor por Cristo, Deus e a Igreja católica. Quem não é cristão não presta e por aí vai. Até mesmo alguns cristãos são infiéis e merecem morrer. Achei sacado o fato da espada mágica, que só o Angus poderia retirar da pedra, ser do seu avô, perdida numa batalha contra bárbaros há muito tempo e guardada no templo até que ele pudesse vir e retirá-la da pedra.

Decidi parar de ler o livro da metade pra frente, quando já não aguentava mais ler repetidas invocações santificadas para arrancar cabeças ou até mesmo pra ir no banheiro. As ilustrações são muito estilo marvel comics, não são legais. Tem algumas clássicas do Gustave Doré, coloridas digitalmente. Há um enorme estudo por trás desta história, dá pra notar e isto é citado no começo do livro. Mas isto não salva nada, chato demais mesmo com respaldo da história.

Minha surpresa ao entrar no site Valinor, um fórum sobre Tolkien, e ver que tinha uma discussão sobre o autor de Angus. Num dos posts, havia uma citação do autor dizendo que a história de Senhor Dos Anéis era muito chata, com anões, elfos e o mundo encantado da floresta. Dizia também que Rei Arthur era bem mais no estilo dele, com batalhas frontais etc. Bom, pelo menos está explicado o fato da espada, fincada na pedra mágica e que só Angus podia retirar.

Senhor dos Anéis é uma das coisas mais bem escritas que já li. Uma verdadeira história intrincada com várias ramificações bem feitas. É uma história bem mais refinada e delicada realmente. Mas proporciona muitos momentos de ação em guerras jamais imaginadas. Diferente de Conan, o Bárbaro, que tem uma história calcada na realidade do Texas, na mitologia e na história crua da idade média com batalhas e tramas muito bem feitas. Tolkien tem uma vantagem sobre divindades: não existe Deus nas história de Tolkien. Conan já tem outra: politeísmo. Um milhão de deuses pagãos espalhados pela Era Hiboriana, deixam tudo bem mais divertido.

Estou colocando aqui meu gosto pessoal e minhas impressões sobre o livro e sobre as diferentes histórias deste tipo, já que gosto muito de ler sobre isso. O que eu imaginava sobre Angus e seu autor foram confirmados: história e autor chatos. Boa leitura.